segunda-feira, 21 de julho de 2008

A despedida de Patrícia

Ela havia escrito uma carta para mim."Manu.Eu não sei nem por onde começar a escrever esta carta. Ainda não acredito que você não ia me falar nada sobre sua ida, e se nós não nos encontrássemos no mercado? Eu ia ficar sabendo quando? Eu sei que fazia muito tempo que não nos falávamos, mas deixo bem claro que foi você quem quis assim. Você.. Sempre esta egoísta.Não repare nos borrões. Estou chorando. É Manuela, você sempre me fazendo chorar. Gostava mais quando este choro era de felicidade, das suas surpresas, dos seus presentes, da sua companhia. Sinto falta de você. Nunca encontrei ninguém que me completasse dessa maneira como você me completa. E você sabe disso. Acho que é por isso que você não quis mais saber de mim. Por que você é egoísta. Geminianas.. Todos iguais... Queria que você tivesse mudado nesse tempo que passamos longe uma da outra. Você mudou, mas continua a mesma. Mudou porque, eu sei que agora você vai dar aquele sorriso de canto, virar os olhos e coçar o nariz, como você sempre faz quando alguém lhe elogia, mas você está cada dia mais linda. Nem acreditei que era você no mercado. Está mais mulher. Mais decidida. Mas continua a mesma egoístasinha de sempre. Você me da raiva. E é por me dar raiva que eu te amo tanto. Eu não sei o que lhe dizer. Se o Dé não lhe deu a carta antes, você já deve estar a cada momento mais distante de mim. No ar frio do ônibus. Você pegou um casaco para não ficar doente? Sempre ficando gripada. Quem vai cuidar de você?Desculpa estar bancando a mãe.. É que foi só isso que você me permitiu ser na sua vida. Uma mãezinha chata. Nada de namorada, só uma irmãzinha. Para de vez em quando lhe satisfazer, matar as suas vontades. Você me usou e ainda teve a audácia de querer ir embora sem ao menos se despedir. Porque como você mesma me falou ontem à noite "eu não gosto de despedidas". Tudo deve ser feito da maneira como você gosta, se não, não está bom. Pois bem, estou fazendo mais uma vez as suas vontades. Não vou ir na rodoviária me despedir de você. Vou ficar aqui, na mesa do meu trabalho olhando o relógio imaginando onde você já está, com que roupa você está indo. Como lhe conheço bem, aposto que vai ir com aquela calça horrorosa preta, que você diz ser estilosa, só porque sabe que fica extremamente sexy com ela. E com aquele moletom desbotado que você tanto gosta. Deve estar com frio, pois você nunca se preocupa com sua saúde. Deve estar sem chorar, pois você às vezes mais parece uma pedra. Deve estar querendo tudo e nada. Porque você é assim mesmo. Tudo e nada, e azar de quem quiser lhe acompanhar. O Dé me contou que iriam fazer uma festa surpresa para você, e quer ver como eu lhe conheço? Aposto que a coisinha foi, e aposto que você não resistiu aos seus encantos. Eu gostaria de socar você nesse momento. Pelo menos ela teve você por alguns tempos. Ela pode ter a oportunidade de ficar com você e poder lhe chamar de minha namorada sem medo de você sair correndo. Criançona que você é. Nunca quer compromisso com nada. Egoísta que você é. Sempre com medo de desapontar os outros e por isso prefere ficar nesse seu mundinho. Eu já chorei muito por você, quis ligar para você hoje, mas para que? Ouvir suas desculpas esfarrapadas de novo? Se ao menos elas lhe trouxessem de volta. Meu chefe está me chamando. O Dé daqui a pouco está vindo aqui para pegar a carta. Você deveria aprender com ele, como ser uma pessoa mais amiga, mais fiel, mais companheira.Você agora deve estar com a sobrancelha arqueada, pois está brava comigo. Não fique. Pois hoje, eu não lhe dou mais o direito para isto. Não lhe dou direito para mais nada. Lembre-se que foi você quem quis assim. Eu sempre estive a sua disposição. Sempre. Agüentando suas ladainhas sobre a jeca lá, sobre a não sei quem, ouvindo seus comentários maliciosos sobre as menininhas. Todas, né? Sempre querendo tudo. Um dia você ainda vai ficar sem ninguém. Meu chefe gritando de novo. Que cara chato! Você deve estar ficando enjoada né? Não consegue ler em viagens, por isso nós tínhamos sempre que arranjar outra coisa para fazer enquato viajávamos. Você nunca me deixou ler um livro, sempre me chamando a atenção. No passeio do último ano do colegial. Nem acredito que fizemos aquilo com todos dormindo. Ainda acho que a Fê nos viu, mas com você nunca adiantou dizer "agora não", porque o agora sempre foi as suas vontades, o seu agora.Então Manu, aproveite o seu agora, a sua faculdade, a sua nova vida que faz tanto tempo que não faço mais parte. Eu ainda não sei o que eu lhe fiz de mal para tudo acabar assim. Mas deixa eu lhe contar uma coisa. Ontem à noite, eu lhe usei, porque dessa vez eu matei somente as minhas vontades, sem me importar com o que você queria. Só me importei com o que eu queria. Apesar de que, o que eu queria, e sempre quis, foi você."

4 comentários:

Carioca disse...

Conta pra gente o que vc realmente sente por Patrícia e qual é a distância da cidade que vc está agora pra outra.
Boa semana, beijos!

Dani disse...

Uau!Essa realmente te conhece!
Gostei!
Bjo

Anônimo disse...

nossa!
adorei o blog!!!!

dá vontade de ler sem parar!!!!

vou t linkar, ok????

beijosss

Olga disse...

Adorei o blog, posso linkar?
Relacionamentos confusos os seus... Espero que as coisas se acertem.
Beijo! ;)