Minha tia resmungava alguma coisa sobre dor no ouvido.
Me senti mal, por mais que Patrícia e eu não estivéssemos namorando, sentia que havia traido ela, mas e se ela tivesse ficado com alguém também? Estaríamos quites. Me senti uma criança querendo achar alguma coisa pra quitar, como se em questões de sentimentos e relacionamentos poderia existir algo que pudesse suprir os erros, apagá-los, enfim. Nunca havia ficado com outras pessoas, nunca havia feito nada com ninguém. Patrícia e eu nunca havíamos conversado sobre o que tínhamos, eu também não via nenhuma necessidade disso. Tava bom do jeito que tava, ela era minha, eu sabia disso, a gente se via quase todos os dias, ficávamos juntas. Estávamos juntas, curtindo apenas a parte boa de um relacionamento. A palavra namoro me dava calafrios. Me dava uma ânsia, parecia que namorar era uma prisão, se enjaular com alguém. Se aprisionar com alguém numa utopia de um relacionamento perfeito. Nessa utopia que depois tornava casamento, nessa ilusão de que existe alguém certo pra cada pessoa. E de que esse alguém pode ser feliz com você pro resto da vida.
Quando pousamos senti meu estômago mais uma vez reclamar e dar voltas dentro da minha barriga. Pensei em ir ao banheiro colocar pra fora aquela coisa que tava dando dor de cabeça, mas percebi que o que fazia minha barriga reclamar e minha cabeça doer mais ainda era a culpa, e isso infelizmente não some apenas apertando o botãozinho da descarga.
Até o avião ficar imóvel na pista, saírmos, pegarmos as mochilas e malas, o sol já se punha a adormecer no outro lado do horizonte e a lua timidamente aparecia para iluminar aquela noite estranhamente fria.
Saímos pelo portão de desembarque, eu cabisbaixa pensando em como falaria e se falaria com Patrícia, minha tia ainda resmungando onde já se viu uma pivete de 15 anos causando confusão num dos hotéias mais ricos do Rio (o porteiro havia comentado com ela sobre o pequeno escândalo que o pai de Cátia havia feito), me perguntei como havia chegado nos ouvidos dele, mas me desinteressei em descobrir quando olhei para frente e vi Patrícia em pé segurando flores, ao lado de Dona Mírian. Meu coração deu um salto que pressenti ser visto por Patrícia, pois agora seus olhos estavam sobre os meus. Dona Mírian veio em nossa direção me dando um abraço e um beijo na bochecha, voltando-se para tia Med. Patrícia me olhava com os olhos brilhando, após abraçar tia Med veio devagar em minha direção, havia entregado as flores para tia Med. Me abraçou forte, senti seu corpo se encaixar no meu numa perfeita combinação. Colocou sua boca perto do meu ouvido e falou baixinho fazendo com que eu me arrepiasse.
- As flores são pra você, mas tive que dizer que era para sua tia, desculpa - e deu um beijo no meu pescoço. - Tava morrendo de saudade de você - disse me apertando forte.
- Eu também tava - falei me sentindo a pior pessoa do mundo, como poderia ter feito isso, ter ficado com uma menina que mal conhecia, bêbada e fingir que estava tudo bem.
Fomos para minha casa, as quatro de taxi. Chegamos, conversamos, contamos sobre as coisas, estava louca para tirar Patrícia daquela sala, pra leva-la pro quarto e contar tudo de uma vez, assim passava o meu sufoco.
Na primeira brecha que nos deram, subi com ela para meu quarto e mal havia fechado a porta e Patrícia se atirara nos meus braços me beijando, me puxando, me apertando forte, dizendo que nunca mais queria ficar tanto tempo longe de mim.
[O conto do começo]
Me senti mal, por mais que Patrícia e eu não estivéssemos namorando, sentia que havia traido ela, mas e se ela tivesse ficado com alguém também? Estaríamos quites. Me senti uma criança querendo achar alguma coisa pra quitar, como se em questões de sentimentos e relacionamentos poderia existir algo que pudesse suprir os erros, apagá-los, enfim. Nunca havia ficado com outras pessoas, nunca havia feito nada com ninguém. Patrícia e eu nunca havíamos conversado sobre o que tínhamos, eu também não via nenhuma necessidade disso. Tava bom do jeito que tava, ela era minha, eu sabia disso, a gente se via quase todos os dias, ficávamos juntas. Estávamos juntas, curtindo apenas a parte boa de um relacionamento. A palavra namoro me dava calafrios. Me dava uma ânsia, parecia que namorar era uma prisão, se enjaular com alguém. Se aprisionar com alguém numa utopia de um relacionamento perfeito. Nessa utopia que depois tornava casamento, nessa ilusão de que existe alguém certo pra cada pessoa. E de que esse alguém pode ser feliz com você pro resto da vida.
Quando pousamos senti meu estômago mais uma vez reclamar e dar voltas dentro da minha barriga. Pensei em ir ao banheiro colocar pra fora aquela coisa que tava dando dor de cabeça, mas percebi que o que fazia minha barriga reclamar e minha cabeça doer mais ainda era a culpa, e isso infelizmente não some apenas apertando o botãozinho da descarga.
Até o avião ficar imóvel na pista, saírmos, pegarmos as mochilas e malas, o sol já se punha a adormecer no outro lado do horizonte e a lua timidamente aparecia para iluminar aquela noite estranhamente fria.
Saímos pelo portão de desembarque, eu cabisbaixa pensando em como falaria e se falaria com Patrícia, minha tia ainda resmungando onde já se viu uma pivete de 15 anos causando confusão num dos hotéias mais ricos do Rio (o porteiro havia comentado com ela sobre o pequeno escândalo que o pai de Cátia havia feito), me perguntei como havia chegado nos ouvidos dele, mas me desinteressei em descobrir quando olhei para frente e vi Patrícia em pé segurando flores, ao lado de Dona Mírian. Meu coração deu um salto que pressenti ser visto por Patrícia, pois agora seus olhos estavam sobre os meus. Dona Mírian veio em nossa direção me dando um abraço e um beijo na bochecha, voltando-se para tia Med. Patrícia me olhava com os olhos brilhando, após abraçar tia Med veio devagar em minha direção, havia entregado as flores para tia Med. Me abraçou forte, senti seu corpo se encaixar no meu numa perfeita combinação. Colocou sua boca perto do meu ouvido e falou baixinho fazendo com que eu me arrepiasse.
- As flores são pra você, mas tive que dizer que era para sua tia, desculpa - e deu um beijo no meu pescoço. - Tava morrendo de saudade de você - disse me apertando forte.
- Eu também tava - falei me sentindo a pior pessoa do mundo, como poderia ter feito isso, ter ficado com uma menina que mal conhecia, bêbada e fingir que estava tudo bem.
Fomos para minha casa, as quatro de taxi. Chegamos, conversamos, contamos sobre as coisas, estava louca para tirar Patrícia daquela sala, pra leva-la pro quarto e contar tudo de uma vez, assim passava o meu sufoco.
Na primeira brecha que nos deram, subi com ela para meu quarto e mal havia fechado a porta e Patrícia se atirara nos meus braços me beijando, me puxando, me apertando forte, dizendo que nunca mais queria ficar tanto tempo longe de mim.
[O conto do começo]
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