domingo, 9 de agosto de 2009

Feliz dia do desnamoro

- Como vocês demoraram hein?
- Ah, a gente ainda passou pra buscar as meninas.
Depois de um breve oi para todo mundo, Luiz, Leandro, Paulinho e Maurício já nos esperavam, de um largo sorriso de Marta quando nos viu, enfim sentamos na sala.
Marta nos serviu de uma cerveja argentina muito boa e tão logo começamos a beber e a conversar, meu constrangimento pelo que havia acontecido (ou não acontecido) entre Yumi e eu desaparecera. Paulinho e Leandro estavam estranhos, nunca os vira sendo tão ríspidos um com o outro como daquela maneira. Brigavam por qualquer coisa, pairava um clima muito pesado entre eles. Percebia que Carol com sua enorme simpatia tentava amenizar as coisas, mas seu esforço era praticamente em vão.
Luiz na volta do banheiro sentou-se ao meu lado.
- E aí Manu, quanto tempo que não nos víamos né?!
- É verdade - concordei não sentindo mais tanta felicidade assim.
Como vai a faculdade, o papagaio e as coisas em geral, esse foi o máximo de diálogo entre nós. Novamente Luiz tentava aos pouquinhos inserir o assunto que não havíamos nos conhecido muito bem naquelas férias, que poderíamos nos conhecer agora, que tinha assistido a um filme e lembrado de mim, que achava uma pena nossas férias terem acabado daquela maneira. Fiz um sinal estranho para que Renata me tirasse dali, e ela mais estranhamente ainda, entendeu, me chamando. Fomos para a enorme sacada. Marta morava num apartamento muito grande e bem arrumado. Fiquei pensando se era ali que ela morava com a sua ex-esposa.
- O cara já tava te enchendo o saco é?
- Sim, ele não entende que eu gosto de mulher - sorri olhando para aquela selva de pedras. Parecia que os prédios disputavam entre si quem seria o mais alto e feio. Quase não dava para enxergar o vazio do céu.
Déia se aproximou de nós.
- Sobre o que vocês estão conversando?
- Sobre o que mais seria?, mulheres - respondeu Renata satisfeita.
- Que mulher em específico?
- A Manu nesse primeiro momento - riu olhando para mim.
- Você vai nos contar o que pegou com a Yumi ontem né?! - Déia escorara-se ficando de frente para mim.
- Não aconteceu nada e esse é o problema.
- Você que não sabe chegar em mulher Manu - falou Renata.
- Sei sim! Ela que é muito fresca.
Conteve brevemente sobre a noite, o pouco que tinha pra contar.
- Ela está se fazendo.
- Sim eu sei, mas e aí, o que eu faço?
- Vira a página e passa pra próxima da fila.
Fiz que não com a cabeça.
- Ah Manu, você é muito retrô. Já deu tempo suficiente pra você chorar pela Patrícia, já deu tempo suficiente para você chegar na Yumi, agora game over, começa outro jogo.
- Como se fosse assim.
- É assim sim Manu, você que está complicando coisas de mais. A vida é simples.
- Também acho Manu - Renata também voltou-se para mim - você é jovem, tem muita coisa pra viver além de uma orientalzinha fazida.
Sorri.
- É Manu, vamo sair hoje?!
- Sair pra onde?
- Pode ser pra qualquer lugar, desde que você não leve a Yumi consigo.
- Nem em pensamento - completou Renata.
Sorri para as duas. Talvez fosse o melhor a fazer. Yumi não queria nada, sabe-se-lá por que. Talvez porque estivesse namorando, talvez porque não gostava de mim, talvez por tudo isso e mais. Então chega desse assunto, pensei anotando mentalmente. Que fosse feliz de outras maneiras.
Paulinho juntou-se a nós cabisbaixo.
- Que foi meu lindo?
- Ah, homens.
Rimos as três.
- Cansei de homens, de verdade!
- O que aconteceu? - perguntei tentando conter meu riso.
- O Leandro é um animal insensível.
- E nós aqui reclamando que mulheres são sensíveis até de mais - falou Déia abraçando-o.
- Mas cadê ele?
- Eu terminei com ele.
- Como assim?
- Ah, cansei desse cara. Ele é grosso de mais, ele me ignora na frente dos outros, me trata mal, não me dá atenção, é um ogro.
Maurício também juntou-se a nós.
- Ele já foi - olhou-o ternamente.
- Que bom, espero nunca mais ver aquele miserável!
Paulinho parecia estar mais brabo do que triste. Mais irritado do que sentido pelo término do seu namoro.
- Sabe Paulinho, a gente mesmo tava planejando uma noite dos solteiros, pra curtir a vida mesmo, vem com a gente?
- Aonde que vocês pensam em ir suas loucas? - falou com os olhos vermelhos, como se estivesse prestes a chorar.
- Em qualquer lugar que casados não entrem - sorriu amigavelmente.
- A situação ta feia hein? - Maurício escorou-se ao lado de Renata.
- Feia não, isso sim que é bom! - falou Déia erguendo seu copo de cerveja para que pudéssemos brindar.
- Um brinde aos solteiros!
Todos fizeram um mesmo movimento em direção ao céu. Que brindássemos então aos solteiros, à falta de compromisso com os outros, a uma nova vida, mais uma vez.

Um comentário:

Nana disse...

bah.. noite dos solteiros *_*