terça-feira, 4 de agosto de 2009

Reflexos

Já estava meio desiludida daquela festa que não acabava. Marta e Carol continuavam conversando muito, suspeitei que estivessem perto de mais pra quem estava apenas trocando algumas ideias. Provavelmente elas haviam ficado. Eu não culpava Carol, ela tinha seus motivos. Na verdade ela tinha todos os motivos pra isso, idiota era a Maria, sempre com sua incansável chatice. Ela que ficaria sozinha no fim. Solteira com gatos, mil gatos, no zero a zero até o fim do jogo.
Fui ao banheiro. Me olhei profundamente no espelho. Quem eu via? Alguém sozinha, e nem ao menos gatos eu tinha. Apenas histórias pra contar. E nem gatos eu tinha pra contar. Nem histórias, apenas roteiros não produzidos. Nenhuma história até o fim. Aquele fim esperado. Apenas projetos guardados dentro daquela gaveta de cabeceira, junto com um monte de lixo, aquelas coisas que nunca sairiam dali. Apenas eu aqui e lá. Só eu. E os lixos. Os tais roteiros. A trajetória que eu vi de longe, que nunca fez parte de mim.
E a Patrícia? Onde será que ela tava agora? De certo mais do que onde, ela estava como. Como sempre sonhou. Viajando, aprendendo, e de certo com o coração bem ocupado da Rafaela. Do amor. E o meu amor, onde tava? Vazio, perdido em qualquer canto daquele lugar sujo, cheio de gente, de barulho, do instantâneo e do solúvel. E eu?
Sozinha. Sem ela, sem o nós, sem ninguém. Todas as vezes que tive, desfiz. E depois de tanto desfazer ou não deixar que o fizessem nada, lá estava eu. Sozinha. Apenas num reflexo solitário. Sozinha não. Na verdade eu e minha decepção. Não. Eu, minha decepção, meu não estar e meu mal estar.
É, no fim eu não estava sozinha, estava com todas as minhas coisas. Eu e meu reflexo. Os reflexos das minhas coisas. Eu.

Um comentário:

Anônimo disse...

menina...
seu blog vicia.