quarta-feira, 24 de junho de 2009

Drogas, sexo e rock'n' roll

- A gente ia ser assaltadas - disse em meio aos soluços. Estava abraçada em mim. Estranhamente eu tinha ficado mais calma. Precisava acalmá-la também. O frentista do posto perguntou o que havia acontecido. Expliquei e ele nos trouxe um copo de água.
- Aquilo podia ter sido uma arma - falou ainda tremendo.
- Calma Yumi, acho que aquilo tava mais pra um canivete do supercau. Ela riu tossindo forte pelo soluço.
Passei meus dedos sobre seus cabelos, limpado o seu rosto das lágrimas.
- Caralho que susto da p. - falou gritando um pouco.
Em cerca de 10 minutos ela já estava mais calma, mas ainda permanecia abraçada em mim.
- Quer dirigir? - perguntou enfim voltando seus olhos para mim.
- Quer que eu dirija?
- Não to em condições para isso - falou com uma carinha tão triste que deu vontade de abraçá-la e não deixar ninguém fazer nada com ela. Me bateu uma ternura por ela, que não me contive, abracei-a de novo. Ela me abraçou forte.
Consegui as informações com o frentista, enfim achando a República.
Havia um porteiro, pedimos pela Malu.
- Não tem nenhuma Malu aqui, qual é o nome completo dela?
- Putaquepariu - falou Yumi virando-se para rua, passando a mão sobre seus cabelos.
- Moço não tenho idéia, minha amiga ta aqui, precisava falar com ela. Não sei o nome da Malu, só sei que é a Malu - sorri desacreditada, como eu poderia saber o nome completo da Malu se eu havia falado com ela só três vezes na vida. Nisso estava passando duas meninas, pareciam que haviam chegado de uma festa.
- Você conhece uma Malu? - perguntou Yumi em tom desesperado.
- Tem uma Malu aqui sim, é do 300 e ...
- 15? - falou a outra menina.
- Não era 407?
O porteiro disse que no 315 só moravam meninos e que no 407 morava Janaína e Rosana.
- Malu não combina nem com Janaina nem com Rosana - falei já rindo da situação.
- Mas é a Rosana, ela é a Malu. Malu é apelido - falou a primeira menina.
Yumi olhou para mim e começou a rir.
Subimos e aguardamos 10 minutos até que alguém abriu a porta do quarto de Rosana (??? ainda sem entender a relação do seu apelido).
- Malu, até que enfim! P. que pariu, cadê a Déia? - falei sem dar oi.
- Ela já foi embora!
- Como assim? - falei entrando dentro do apartamento, empurrando-a para entrar.
- Calma aí Manu, que que é isso, vai chegando assim?!
- Malu - falei irritadíssima - essa menina me ligou trezentas vezes pedindo para que eu viesse buscá-la, quase fomos assaltadas, andamos uma hora quase pra chegar aqui, cadê ela caralho! - falei muito brava.
- Calma Manu - disse Yumi se aproximando de mim.
- Calma o cacete, cadê ela?
- Já falei - Malu tinha olheiras muito fundas - ela foi embora.
- Embora pra onde? - meu coração voltara a bater muito forte.
- Não sei, um dos meninos levou ela pra casa.
- Que menino?
- Sei lá, Felipe, como é o nome daquele cara lá que levou ela?
Olhei em direção ao lugar para qual Malu havia falado. Percebi que o apartamento estava uma bagunça, havia muitas garrafas atiradas pelo chão, copos derramados, roupas atiradas.
- Sei lá meu, não me incomoda - com dificuldade consegui achar de onde vinha a voz. Era um cara muito barbudo, sem camisa, com o ziper da sua calça aberto deixando aparecer metade de sua cueca. Estava atirado no chão.
- Que merda vocês fizeram aqui Malu? - falei indo em sua direção - quem levou a Déia daquele estado embora?
Yumi me segurou, talvez temendo que eu batesse em Malu.
- Calma aí gata, calma aí, senta aí e relaxa - falou meio enrolada. Provavelmente estava mais fora do que imaginava, pensei muito brava.
- É o caralho - me soltei de Yumi. Segurei Malu pelos ombros chaqualhando-a.
- Presta atenção - falei olhando-a diretamente nos olhos - pra-on-de-le-va-ram-a-Dé-ia?
- Acho que pra casa dela, e não me aperta porra - tentou me empurrar.
Segurei-a firme - Descobre pra onde levaram a minha amiga - falei tão séria que até eu mesma me assustei.
Ela saiu e entrou num quarto, suspeitei.
3 minutos depois ela voltou com o celular na mão.
- Liga aqui, é o Giovani que levou a Déia pra casa.
Coloquei o telefone no ouvido, já estava chamando.
- Alô - atendeu uma voz muito grossa.
- A Déia ta aí com você - falei ríspida.
- Quem ta falando?
- Giovani?
- Sim, quem ta falando?
- Aqui é uma amiga da Déia, ela ta aí com você?
- Ela ta na minha casa, porque?
- Onde é a sua casa Giovani? - perguntei já sem pasciência - posso falar com ela?
- Ela ta dormindo eu acho - e soltou uma risada estranha.
- Deixa eu falar com ela - ornedei com raiva.
- Déia, alguém quer falar com você - disse rindo novamente.
- Alô? - perguntou com voz mais pastosa do que antes.
- Onde inferno você ta sua louca? Vim até o fim do mundo pra buscar você e você some com um tal de Giovani? - explodi.
- Manu, calma, ta tudo bem.
- Tudo bem o cacete, onde você ta?
- To sei lá onde eu to - falou bocejando - me busca? Não quero ficar aqui.
Déia estava louca, só podia ser isso.
- Me passa esse Giovani.
- Oi - mal acabara de falar.
- Onde você mora? - interrompi.
- Porque você quer saber, ela vai dormir aqui comigo hoje, né Déia?
- É a última vez que eu pergunto, onde você mora?
- Ah, vai a merda - desligou o telefone.
- Malu - me voltei para ela que estava deitada ao lado de Felipe no chão. Cena lamentável - Onde esse Giovani mora?
- É aqui perto - disse Felipe ressuscitando - você pega essa rua aqui - apontou para o nada - essa que a gente ta e você vira deixa eu ver, uma.. duas.. três, a quarta rua tem uma farmácia popular, vira a direita nela e vai até o fim da rua. É um prédio azul, o único prédio azul.
- Qual é o apartamento dele Felipe?
- Ah meu, você faz muitas perguntas... Acho que é o 4º.
- Vamos pra lá. - falei pegando a mão de Yumi e saindo do apartamento sem olhar para trás.

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