quinta-feira, 25 de junho de 2009

E lá vamos nós

- Falta a mochila de você ainda Manu - falou Yumi fazendo força para colocar uma mala entre um engradado de cerveja e um saco com cobertores - me ajuda aqui.
Empurrei junto com ela a mala para dentro do espaço vazio. Coube sem nem meio milímetro de folga.
Peguei minha mochila e coloquei em cima do engradado. Yumi terminou de encher o porta-malas com outra bolsa muito grande, fechando todo o espaço do bagageiro.
- Nossa, coube exatamente tudo - disse ela satisfeita, dando a mão para eu bater - a gente forma uma boa dupla - falou animada.
- Parecem mais um casal - foi o que ouvi de um resmungo de Má.
Yumi fingiu que não ouviu, mas desviou seu olhar de mim, indo em direção ao carro de Maurício.
Enfim era quarta-feira e iríamos para a praia. Cássia e o namorado haviam desistido de ir conosco. No fim, íamos Yumi, eu, Carol, Má, Déia, Rê, Maurício, Paulinho e Leandro que haviam decidido ir de última hora e o Luiz. O negro lindo e modelo havia desistido de ir conosco porque iria fazer um teste para uma agência. Micheli havia mudado de idéia e iria só na outra semana de ônibus.
- Sorte a gente não precisar mais ir de busão né? - me cutucou Renata - imagina a gente ter que carregar essa minha mochila nas costas? - riu-se de si mesma. Apesar de que - se aproximou do meu ouvido - eu ia gostar de ficar só com você sozinha durante duas horas, sentada ao seu ladinho - sorriu maliciosamente e saiu.
Pqp, pensei suspirando inacreditada do que acabara de ouvir. Desde quando Rê me dava bola? Olhei para Yumi, ela havia escutado o que Renata me falara. Mas novamente fingiu que não, atirando uma mochila verde com força para dentro do carro de Maurício.
- Arruma você essa merda, não sou sua escrava - falou brava saindo da garagem.
- O que deu nela? - perguntou Maurício pegando novamente a mochila verde e ajeitando cuidadosamente dentro do bagageiro.
Estávamos na casa dele, saíriamos com dois carros dali. O combinado era ter saído às 6h30min, mas Carol ainda não havia chegado e o ponteiro já marcava 7 horas passada.
- Bom minha gente querida, enquanto a Carol não chega, como iremos dividir os carros? Eu acho que os homens vão em um e as mulheres no outro - e riu alto olhando para a cara de bravo de Leandro.
- Mas sobrará um lugar no nosso carro - falou Maurício - quem vem com os machos? - forçou o braço para mostrar seus músculos. Todos riram.
Nenhuma das meninas respondeu.
Carol chegou 15 minutos depois, muito suada.
- Nossa, meus queridos e amados amiguinhos, desculpem meu atraso - falou sorrindo. Aquele sorriso simpático e sincero que só ela conseguia dar. Todos desfizeram qualquer raiva possível de existir pelo fato dela ter chegado uma hora depois do combinado só com o efeito do seu sorriso. A única que não desfez a cara amarrada, e que muito pelo contrário, fechou mais ainda ao ver que todos não a reprovaram, foi Má.
- Então vamos? - perguntou Carol fingindo não perceber que sua namorada não respondera ao seu oi.
- Vamos! - disse Maurício e Luiz juntos. Estavam nitidamente animados.
- Tenho que ir ao banheiro - falei já saindo rapidamente em direção a ele.
Quando voltei todos já estavam no carro, exceto Renata.
- Vai com as meninas ou com os homens? - me perguntou sorrindo - escapou de ir comigo - falou muito baixo, que suspeitei só eu ter ouvido.
- Ela vem com a gente - disse Maurício.
Olhei por dentro da janela, Yumi apertou o canto da boca fazendo beicinho para mim. Deu com os ombros - entra Rê, estamos atrasadas, vamos pegar um trânsito da p.
Demoramos cerca de 4 horas para enfim chegar na casa de praia de Carol. Não que fosse tanto tempo, mas tinham tantas pessoas que saíram junto com a gente com o mesmo objetivo que ficamos, sem mentira, uma hora parados, literalmente parados durante um trecho. Um caminhão havia tombado no meio da pista, fazendo com que o fluxo de carros rapidamente formassem uma fila quilométrica de congestionamento.
Mas foi divertido ficarmos alí parados porque Luiz era um cara muito engraçado, contou histórias incríveis de pessoas que iam feridas para o hospital onde trabalhava. Ele era enfermeiro formado já, trabalhava no Pronto Socorro, falou de histórias bizarras que de vez enquando apareciam por lá.
Maurício dirigia muito mal, seguidamente ele passava com o carro por cima de buracos, fazendo com que a suspenção gemesse alto com o tranco. O carro também estava muito pesado. Havia bagagem e bebida dentro do porta-malas para cinco pessoas. Após duas horas, Maurício suava muito.
- Não gosto de andar assim, parando de 2 em 2 minutos. Me angustia. Quem quer dirigir pra mim?
Olhou para o lado, Luiz estava dormindo. Olhou para trás. Levantei a mão, passou os olhos sobre mim até pousar em Leandro e Paulinho. Ambos ressonavam abraçados.
Fizemos sinal para as meninas, enquanto trocávamos de motorista rapidamente.
Luiz reclamou alguma coisa que não entendemos, quando enfim sentou no banco de trás.
- Espero que você saiba dirigir bem Manuzinha - olhou para mim - Aliás, Yumi me contou que você sabe sim - e sorriu com um certo quê de mistério no olhar.
Então ela falara para ele que eu dirigia bem, não sei porque mas fiquei muito satisfeita.
Conversamos muito, os assuntos surgiam com uma facilidade incrível.
- A Yumi me contou de sábado de noite... Que horror tudo aquilo né?
- Sim, horrível.
Ficou um momento em silêncio.
- Posso fazer uma pergunta para você? - perguntou abruptamente.
- Claro.
- O que está rolando entre vocês?
Levei um susto.
- Entre vocês quem? - perguntei sem entender. Ou querendo não entender.
- Você e Renata!
- Ah, Renata - falei desanimando. Pensei que talvez Yumi tivesse falado alguma coisa sobre mim para ele.
- É, Renata né?! Esperava que eu falasse quem?
Sorri amarelo.
Olhou ressabiado para trás, conferindo se todos estavam dormindo, só então continuou.
- Eu vi vocês duas - sorriu ele colocando a mão na frente da boca.
- Viu o que seu doido?
- Não se faça de louca Manu.
Me fiz de desentendida. Será que ele tinha nos visto ficando aquele dia na sacada de sua casa? Era impossível, só estava a gente lá. A única pessoa que tinha aparecido fora Yumi, mas ela não parecia ter visto nada. Ou será que ela contou alguma coisa para ele? Será que todos já sabiam?
- Eu vi vocês duas se beijando, quer que eu desenhe ou coisa parecida?
Ri novamente.
- É, viu.
- Nossa, to chocado - colocou novamente a mão sobre a boca aberta - menina, não sabia que você curtia perseguitas.
- Que? - soltei uma gargalhada que fez com que Leandro acordasse e se mexesse. Mas assim como acordou, voltou a dormir.
- Desde quando você pega mulheres?
- Quem disse que eu pego mulheres?
Ele sacodiu a cabeça. - Não sou idiota, eu ainda ouvi uns comentários de Renata hoje, falando que queria ter ficado com você sozinha no ônibus.
- Nossa Maurício, você é um mexeriqueiro hein? Fica ouvindo a conversa dos outros.
- Ela que falou alto de mais, então vocês estão se pegando né?! É por isso que você nunca ficou com ninguém, segundo a Yumi me falou.
- Não, eu nunca tinha ficado com ela.
- Hmm, mas me conte tudo, quero saber. Tenho direito disso, sou ainda seu veterano.
- A gente ficou aquele dia e só. Ela é minha amiga. E quem mais sabe disso?
- Só eu - falou ficando sério - Queria ter certeza do que eu vi.
- Não fala pra ninguém ta?
- Porque? A maioria aqui é gay!
Maioria? Então tinha gente que não era? Yumi, ela não era gay.
Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa chegamos na casa de Carol. Era uma casa muito grande, estilo cabana. Tinha dois andares, uma sacada enorme no segundo andar. Era feita de madeira, um chalé escuro com telhado verde musgo.
- A gente termina nossa conversa outra hora - disse Maurício abrindo o porta-malas - não pense que eu esqueci.
- Esqueceu do que? - perguntou Yumi se aproximando. Congelei. Não queria que ela ficasse sabendo de mim assim, desse jeito, que eu havia ficado com outra pessoa.
- De nada fofinha - falou ele, dando-me uma piscadela.

2 comentários:

Nana disse...

ainnn.. não consigo parar de ler.... o que será que irá acontecer na praia ?? (6)
anciosa pra ler a continuação
=**

LeLe disse...

Ahhhh
torcendo pela yumi horas,rs

;]