terça-feira, 16 de junho de 2009

Um novo despertar

Acordei assustada, ia perder a aula. Quando abri meus olhos me deparei com Yumi dormindo virada para mim.
Demorou alguns instantes até eu me dar conta do que havia acontecido e lembrar que hoje era sábado.
Percebi que meu braço estava sobre ela, na altura de sua barriga. Quando o retirei ela acordou.
Pude ver a fumacinha saindo de seu cérebro enquanto tentava processar o que estava acontecendo. Ficou me olhando um pouco desorientada.
Não pude evitar um sorriso - bom dia pra você também Yumi.
Ela apertou os olhos. Olhou para baixo, ela estava apenas de calcinha e blusa, voltou seus olhos para mim. Arregalou os olhinhos puxados que tinha fazendo-os parecer grandes.
- Não me diz que a gente... - e apontou para mim e para ela algumas vezes.
Soltei uma gargalhada.
Levantou-se rápido.
- Ai minha cabeça - enquanto colocava a mão direita sobre a testa - p. que pariu, acho que vou vomitar. Apertou novamente os olhos.
Ainda sentada na cama, me fitou.
- A gente.. O que.. Eu não lembro da gente.. O que a gente ta fazendo aqui? - olhou para os lados - a gente ta num motel?
Eu estava me deliciando do pavor dela.
- É um motel, nunca foi num não Yumi? - falei tentando conter meu riso.
- Mas isso quer dizer que a gente... - e voltou a me olhar.
- Vamos pra casa Yumi, sua mãe já deve estar preocupada, no caminho eu te explico.
Ah, me dei ao luxo de deixá-la um pouco nervosa, já que tinha passado a noite toda cuidando dela.
- Porque eu to sem sutiã se não me lembro de ter tirado ele? - quando se dera conta, ficara vermelha.
Paguei a conta com surpresa maior do que quando Dani acordou ao meu lado, por sorte estava com meu cartão de crédito e pude parcelar em todas as vezes possíveis (e choráveis).
- Como a gente chegou aqui? - Yumi parecia ser um ET que nunca tinha estado ali antes. Olhava para os lados tentando se orientar de onde estávamos.
- Olha japa, eu sei dirigir, eu não ia deixar você voltar assim sozinha, quer que eu dirija? - perguntei fazendo menção de entregar-lhe a chave quando chegamos no carro, ela fez que sim com a cabeça - também não ia deixar você chegar assim em casa, ainda mais depois do que você me contou dos seus pais, na minha casa era impossível, estávamos passando por aqui e achei que seria melhor você voltar ao normal antes de aparecer por lá num lugar mais seguro do que no meio da rua ou nas banquinhas do centro.
Ela sorriu me olhando com aquele mesmo brilho de ontem.
Fomos o resto do caminho até minha casa em silêncio. Passava das 11h. Quando puxei o freio de mão, Yumi colocou sua mão sobre a minha.
- Brigada Manu, você foi um anjo - entrelaçou meus seus dedos aos meus.
Senti um forte frio na barriga.
- Não estressa japinha, amigas são pra essas coisas - mas tão logo disse me arrependi.
Ela fez que sim com a cabeça.
Desvencilhei-me de sua mão com delicadeza.
- É melhor você ir pra casa, sua mãe deve estar puta com você. Avisa a Carol pra pegar o meu celular na bolsa da Ma.
Já estava fora do carro quando Yumi me chamou novamente.
- Manu.. - disse enquanto terminava de trocar de lugar, passando para o volante.
- Fala.
- A gente.. sabe? A gente fez..
Eu sorri. Dei um beijo na sua bochecha e deixei-a sem resposta.. Já havia fechado a porta quando ouvi enfim ela dar o arranque no carro.

Domingo, só conseguia pensar em Yumi. Os pingos de chuva no vidro da janela faziam as imagens da rua se desfigurarem. Tinha um monte de trabalhos para fazer e entregá-los na semana que vem, mas não tirava a Dani da minha cabeça. Não queria entender porque eu estava feliz que ela havia terminado com o seu namorado, ou porque fora tão bom cuidar dela e acordar ao seu lado, mesmo ela não lembrando o porquê nem como.
Me deitei novamente na cama, estava sozinha no quarto, mas meus pensamentos não saiam de Yumi.

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