sexta-feira, 5 de junho de 2009

Piscadela

A aula de sexta passou muito rápida, quando na saída encontrei Yumi.
- Cara, você não tem aula que sempre está aqui? - perguntei lhe dando um beijo na bochecha.
- Ai - falou ela manhosa - você não gosta de mim mesmo né?
Revirei os olhos.
- Minha aula acaba mais cedo nas sextas, sou uma menina espera.
E linda pensei. Eu já estava começando a sentir falta de ficar com mulheres [não sou cafajeste, anotei mentalmente].
- O que você vai fazer agora?
- Almoçar, to com muita fome.
- Quer ir almoçar lá em casa? - mas abaixou a cabeça meio triste - ah não, você trabalha.
- Sextas eu não trabalho à tarde, também sou esperta - sorri pra ela.
Fomos de carro para sua casa, seu braço já estava sem tala, mas ela reclamava que ainda doía muito.
Reconheci o caminho, já estávamos quase chegando.
- O que você sabe cozinhar Manu? - falou sorrindo para mim.
- Como assim?
- Chamei você para almoçar mas eu não sei fazer nada - riu-se da minha cara de espanto e uma falsa raiva.
- Você é foda né, sem a mínima noção de como receber uma pessoa em casa.
Chegando na sua casa, fomos para a cozinha. Na geladeira continuava a ter apenas um monte de verdes, de todas variedades possíveis.
- A gente pode cheirar alface - brinquei com ela.
- Ai, não seja tão má assim, tem que ter alguma coisa comível aí.
Olhei para ela.
- O que? Que que foi?
- Nada.
- Ah, você vai dizer que eu também preciso fazer regime agora? - fez cara de triste.
- Não, você é linda - me arrependi um pouco de ter dito isso, mais saiu mais rápido do que meu cérebro pode processar. Sorriu satisfeita. Ego de mulher é foda, pensei.
- Não tem nada pra comer aqui Yumi.
- Como não? - passou para o meu lado encostando seu corpo levemente no meu. Olhava para dentro da geladeira, tirando os potes dos lugares tentando achar alguma coisa que não fosse verde.
- É, desisto - falou pousando seus olhos sobre os meus.
Ficamos nos olhando por alguns instantes, senti que poderia beijá-la naquele momento, mas meu celular começou a tocar, era o André.
- Fala meu lindo - falei feliz quando ouvi aquela voz tão querida.
- E ai minha gostosa - falou em um tom alegre - tudo certo pra hoje né?
- Claro que sim! Isto é, se você não mudou de opinião.
- Não, não, é que tenho uma surpresa pra você.
- Ah, fala o que é né?
- Não, é surpresa!!!
- Fala...
- Não! E não me tenta a estragar.
- Ta, já que você não vai me falar mesmo, tchau - falei brincando que estava brava.
- Tchau gata, nos vemos às onze lá.
Desliguei o telefone sorrindo. Como era bom ouvir aquela voz conhecida e acolhedora que só os bons amigos podem ter.
- Namorado? - falou Yumi. Nem havia reparado que ela estava me olhando o tempo todo.
Sorri.
- Porque você insiste em achar que eu namoro? - respondi instintivamente me aproximando dela.
- Porque você tem cara de quem gosta de namorar - falou sorrindo de volta.
- Eu? Engraçado que todo mundo sempre me diz o contrário - continuei com meus olhos sobre ela.
Ela chegou mais perto ainda, me olhou bem.
- É, verdade - concluiu - você não tem cara não. Pensando bem, você tem cara de destruir coraçõezinhos por aí.
- Nossa, que absurdo - falei me aproximando mais ainda. Quando me mexia minha coxa tocava no dela despretensiosamente - eu sou uma menina muito legal viu?
- Essas são as piores - me lançou um sorriso enigmático, saindo da cozinha. Segui atrás dela, até entrarmos no seu quarto.
Ela se sentou na cama, suspirando - nossa, estou muito cansada, hoje de manhã tentei levantar essas caixas - apontou para baixo da janela onde repousavam as caixas das esculturas - mas meu braço ainda dói muito - me olhando em tom angelical.
- Pronde você quer eu leve, hein dona interesseira, só pra isso que você me chamou aqui né? - falei brincando olhando-a.
- Então, vou levar na casa de uma amiga minha, depois almoçamos em algum lugar, topa?
Gastar mais dinheiro, pensei. Tinha que economizar, minha poupança já estava acabando e enquanto não conseguisse alugar a casa, só teria o dinheiro da bolsa que seria debitado só mês que vem. Mas topei, valia a pena ficar na companhia dela. Era divertido, pairava um clima leve entre nós, com uma pitada de flerte [logo me arrependi do meu pensamento, que brega, quase tão brega quanto quando se está apaixonado, que droga]. Se a Déia fora a pessoa em que o 'clic' dera por sentir que poderíamos ser muito amigas, com Yumi senti que a coisa poderia ser diferente. Não que eu acredite em amor a primeira vista, pra mim isso é coisa de filme norte-americano teenager altamente comercial [nota-se aqui uma redundância], mas ela me atraia, e muito e isso era um fato. Desde a primeira vez que a vi.
Ela me disse que a Carol e os meninos iriam sair hoje, coincidência ou não, para o mesmo lugar que eu havia combinado com o André. Não que a cidade fosse tão pequena assim, mas é que o barzinho realmente era muito legal, era o bar hype da cidade. Vai saber essas efemeridades dos barzinhos de hoje em dia.
Depois de algumas horas de conversa amena, ela me deixara na frente da República.
- Então você está solteira... - me perguntou puxando o freio de mão reclamando um pouco da dor no braço.
- É, suponhamos que sim.
- Hmm - sorriu ela misteriosamente.
- Por..? - mordi os lábios instintivamente.
- Nada não..
Vendo minha cara de interesse ainda completou - Tenho uns amigos pra te apresentar.
Desfiz um pouco o sorriso e sai após combinarmos a hora que ela passaria para me pegar.

Um comentário:

Anônimo disse...

com gostinho de quero mais...
tu escreve muito bem moça

bjks
nana