sexta-feira, 12 de junho de 2009

No fundo, bem no fundinho

Se Abril passou rápido, maio mais ainda. Meu aniversário foi comemorado na casa de Paulinho, com um churrasco de salsichão com pão e cerveja. Nada de mais. Senti falta de Patrícia, só o Dé aparecera por lá. Mas nem pude aproveitar muito sua companhia, pois se arranjara com um amigo de Maurício.
Passei a festa inteira conversando com Yumi. O flerte a essa altura era escancarado mesmo, mas ela ainda achava que eu não ficava com meninas (por isso eu ainda tinha dúvidas quanto a veracidade desse flerte, que afinal, eu é que o via assim). E ela eu tinha minhas dúvidas, apesar de que ultimamente ela tava de rolo com um carinha muito feio, de cabelos enroladinhos.
- Manu, a gente ta pensando em ir pra praia nessas férias, ficar umas duas semanas, o pai da Carol tem casa lá, liberou de boa pra nós, o que você acha?
- Nossa, eu topo certo! - mas aí pensei um pouco. - Mas quem vai?
- Já está segregando né? Vai a Carol, a Ma (sim, elas haviam voltado fazia duas semanas), Paulinho e Leandro, a Dora e o namorado dela, o Maurício e o bofe dele, eu..
- Você e seu namoradinho? Então é encontro de casais? O que eu vou fazer lá?
- Ah, você pode levar a Déia se você quiser - falou num tom meio sério/estranho/triste.
- Ela não é minha namorada - falei olhando-a com raiva. Que raio que ela tinha que ir com aquele enroladinho de merda? Não, eu não tava com ciúmes, mas porque ela tinha que ta com ele, pra cima e pra baixo?
- Eu sei que não - falou ela, tomando um gole de cerveja no copinho de plástico - então leva outra pessoa, leva um amigo seu.. Você que nunca me conta nada, não é possível que você não tenha arranjado um namorado.
Olhei desacreditada para ela. Não era possível que ela realmente achava que eu era hetero, que não tinha percebido absolutamente nada. Não que eu tivesse gostando dela, mas que raiva. Também não sabia por que eu não falava logo pra ela que eu era gay. Que diferença ia fazer já que ela estava namorando com um cara mesmo?
- Mas vai mais gente também Manu, queria muito que você fosse.
- É, vamos ver. - deixei-a falando sozinha e fui para junto da Déia. Na verdade Déia se tornara uma irmã que nunca tive, ela era um porto seguro pra mim. Não havia segundas nem terceiras intenções entre a gente e isso me fazia bem, porque parecia que as pessoas que eu conhecia só pensavam em ficar, em sexo, quase ninguém se importava com coisas mais interiores, como ser amigas por exemplo. Amigas no sentido de amizade de verdade, não essas coloridas que todo mundo tem. E outra que ficar muito tempo perto de Yumi me irritava, ela era muito fazida, muito cheia de nhénhénhé. Mas também não ficava muito tempo longe dela, nas últimas semanas tinha ido dormir na casa dela todas as segundas, quartas e quintas. Os pais dela estavam fazendo um curso nesses dias e ela dizia que não gostava de ficar sozinha em casa. E lá ia eu fazer companhia a ela. Sempre perguntava por que ela não dizia pro namoradinho (de merda) dela ir lá, mas ela alegava que sua mãe ia enlouquecer.
Mas às vezes eu tinha a nítida impressão que parecíamos um casal. Fazíamos comida juntas, nossos comentários era de quem estava namorando, fazíamos muita coisa juntas, coisas até de mais. Menos ficar. Não que eu quisesse ficar com ela, afinal ela tinha o namorado dela.
Mas às vezes aconteciam coisas complicadas para mim, ela vinha me abraçar, sentava no meu colo nas baladas, a presença dela me deixava nervosa. Me atormentava um pouco. E ela parecia que não notava nada.

Um comentário:

LeLe disse...

Que agunia isso ein, rs
Quero só ver no q isso vai dar, adoro os contos =D