quinta-feira, 2 de julho de 2009

A bola da vez

Olhei no meu relógio de pulso, eram quase 4 horas.
- Ta muito frio aqui, vamos voltar? - perguntei sentindo o vento gelado arranhando meu rosto.
- Vamos.
Fomos abraçadas em direção ao centro, afinal tínhamos que passar por alí para ir para casa.
Passamos pela frente de uma sinuca que ainda haviam pessoas jogando.
- Vamos parar aqui pra comprar um cigarro - falou Déia já me empurrando para dentro do pequeno barzinho.
Fiquei esperando ela ir em direção ao caixa e comprar o seu cigarro. Dei uma olhada rapidamente pelo bar. Era pequeno, também pudera, a praia era minúscula, nem teriam tantas pessoas assim para frequentá-lo. Percebi que haviam dois rapazes, um mais baixo e outro maior, com os ombros largos e barba rala. Era meio cabeludo, estilo que Yumi gostava pensei um pouco triste. Percebi que eles olhavam em nossa direção. Era óbvio que o maior jogava tentando nos impressionar.
- Vamos jogar umazinha só? E tomar uma cervejinha só? - falou Déia manhosa. Ela parecia não ter percebido que eles não tiravam os olhos de nós.
- Vamos, mas só uma.
Já passavam das 5h, havia umas 7 garrafas de cerveja na nossa mesa, e mais uma vez eu estava ganhando na sinuca. Déia já falava alto, deixava cair o taco, errava as bolinhas, enfim, estava fora. Eu estava um pouco irritada que os rapazes não paravam de falar besteirinha para nós. A essa altura da madrugada só estávamos nós ali. O carinha do caixa praticamente dormia com sua cabeça escorada nas mãos.
- Você é boa - disse o menino mais alto, se aproximando de mim.
- Brigada - falei um pouco enrolada. Continuei jogando fingindo que ele não estava parado ao meu lado. Vi que seu amigo fora falar com Déia, que ria muito de alguma coisa que conversavam.
- Você tem nome? - parando-se na minha frente.
- Tenho - respondi rispidamente.
- E posso saber qual é?
- Não - sorri me irritando com o seu assédio. Segurando meu taco de sinuca.
- Calma, você é brava, que que aconteceu com essa menina linda? - deixou aparecer um sorriso muito largo. Combinava com o seu corpo muito grande. Me fazia parecer minúscula perto dele.
- To um pouco cansada - falei saindo de perto dele, puxando meu taco para mim.
- Pelo visto você gosta de jogar né?
Respondi sim com a cabeça. O que a Déia estava dando trela praquele menino? Ele provavelmente estava chavecando ela, e ela por sua vez estava deixando-se levar pelo seu papo.
- Acho que os dois estão mais ocupados agora - viu meus olhos mirando para eles - vamos fazer assim, apostamos uma partida. Se eu ganhar você me diz o seu nome - sorriu.
- E se eu ganhar?
- Aí eu faço o que você quiser - se aproximou de mim.
- Ta.
Vou ganhar e dizer pra ele sumir com aquele amigo dele, pra irem pro quinto dos infernos, pensei estralando meus dedos.
O jogo foi difícil, ele jogava muito melhor do que eu e Déia ficava me desconcentrando, me puxando, me falando besteiras, me irritando. Ficamos com a última bola sendo disputada. Era a sua vez de jogar. A bola era difícil, o bolão branco estava numa posição que só de uma única maneira poderia encaçapar.
Ele jogou fraquinho, a bola foi chorando e caiu no buraco. Bufei com raiva.
- Ganhei - falou sorrindo vindo em minha direção.
Ergui minhas sobrancelhas, "nossa, como você é inteligente" pensei brava.
Déia continuava falando com o outro menino.
- Manuela.
- O que?
- Meu nome é Manuela - falei me distanciando dele.
- Ah, sim. Era a nossa aposta né?! Pena que não apostei outra coisa com você - falou dando com os ombros fazendo uma cara triste. - Mas eu posso fingir que perdi e fazer o que você quiser que eu faça.
Revirei os olhos, homens e suas cantadas manjadas.
- Não, brigada. Você é ganhou, sou justa - sorri.
- Então vamos mais uma?
- Daí você me deixa em paz?
Se aproximou de mim, chegando bem perto do meu rosto - mas então dessa vez eu aposto um beijo.
- Ah não, não posso apostar esse tipo de coisa - tentei me desvencilhar do seu enorme corpo que estava na minha frente.
- Ta com medo de perder?
- Não - falei brava.
- Então o que custa a gente apostar isso? Garanto que você sabe fazer melhor do que isso.
Quem ele tava pensando que era? Eu definitivamente não era uma boa competidora.
- Vamos nessa.
Novamente ficamos com a última bola para decidir o jogo. Desta vez era minha vez de jogar. Déia já não estava mais me irritando, porque ocupara sua boca na boca do tal menino. Mirei com convicção. Bati o taco nem muito leve, nem muito forte, na medida certa para encaçapá-la. A bola da vez caiu, porém a bola branca caiu junto. Percebi pelo canto do olho que ele me olhara feliz, erguendo o taco, fazendo sinal de vitória.
- Bonita jogada - falou se aproximando de mim.
- É, pena que eu perdi.
Larguei meu taco em cima da mesa. Estava disposta a pegar Déia pela mão e ir embora. Já estava a caminho, quando ele pegou na minha mão, me parando.
- Manuela nós apostamos uma coisinha - disse me virando para ele.
- É? - me fiz de desintendida. Aquele homem tão grande me assustava. Não gostava daquela coisa imensa, cheia de pelos no rosto chegando tão perto de mim.
- É, um beijo.
Dei um beijo em sua bochecha. Senti sua barba roçar em mim. Aquilo me deixou estranhamente injoada. Lembrei inevitavelmente de Yumi, sua pele lisinha, seu perfume feminino, seu corpo e suas curvas. Afinal, de mulher.
Não era feminista, não odiava os homens, mas de certo eles não me atraiam como uma mulher conseguia fazer.
- Não, não um beijo na bochecha né linda. Quero um beijo de verdade.
- Mas a gente não combinou onde seria esse beijo.
Enquanto eu falava, passou seus braços sobre minha cintura, me beijando em um só golpe. Estava meio fraca da bebida, sem forças para empurrar aquele cara imenso. Senti sua língua invadindo minha boca, sua barba raspando minha pele. Seu corpo era tremendamente maior do que o meu, seu braço cobria todo meu corpo. Aquilo era um beijo. Só isso. Não senti nem um décimo das coisas que havia sentido há algumas horas atrás só de encostar minha mão em Yumi. Era impossível não comparar os dois. Tentei me deixar levar pelo momento, mas não conseguia sentir absolutamente nada além de nada. Mas ele parecia gostar, me puxou forte, apertando seu ventre contra o meu não consegui segurar e comecei a rir descontroladamente. Ele me soltou atordoado, me olhou estranhamente. Soltou um "louca".
- Que que aconteceu?
- Nada - mal conseguira responder, em meio a uma crise de riso - desculpa, não consigo fazer isso.
Ele tentou mais uma vez me beijar, mas vendo que eu não parava de rir, me chamou de algum nome "feio" e chamou seu amigo para irem embora. Ficamos enfim sozinhas no bar.
- Que deu nele?
- Não sei - mas não conseguia parar de rir. Parecia que toda aquela cerveja que havíamos tomado enfim estavam dando algum efeito.
Tomamos mais duas cervejas (ai meu estômago).
Voltamos para casa já amanhecendo, eu rindo sem parar e Déia, muito bêbada me acompanhando na risada.
Chegando em frente a casa de Carol, tentei abrir a porta, mas ela estava trancada.
- Puta merda - soltei, enfim parando de rir. Minha barriga já doía de tanta risada - ta trancada.
- Hmm - fez Déia um pouco lunática. Ela não conseguia ficar em pé sozinha, se escorando em mim. E eu por vez, não conseguia me manter equilibrada com aquele outro ser para manter ereto. Cai me escorando na parede, que me manteve em pé. Déia caiu-se sobre mim, praticamente me beijando. Riu alto.
- Então você não gostou da "surpresa" do cara é? - disse me olhando nos olhos. Seu olhar era desfocado.
- É - falei deixando escapar mais uma risada - gosto de mulheres sabe? - olhei para a sua boca - limpinhas - passei a minha mão no seu rosto - com curvas - o que tava acontecendo comigo? pensei enquanto passava minhas mãos pela sua cintura - sem nada - puxei-a contra mim.
Ela olhou pra minha boca.
- Também prefiro mulheres - me beijou alí mesmo.
Não conseguia pensar direito. Alguns pensamentos vagos passavam pela minha cabeça, enquanto nossas línguas travavam uma guerra em nossas bocas. Ela me abraçava forte, sua mão subiu pelo meu corpo, encontrando meu seio. Apertou forte. Estava bêbada de mais pra negar qualquer coisa. Com ela sim conseguia me deixar levar. Não pensei em Yumi, não pensei em ninguém, só queria continuar aquilo que estávamos começando a fazer.
Desci minha mão colocando-a no meio de suas pernas.
- Calma - falou sorrindo colocando segurando minha mão.
- Você mesma que me disse que sabia fazer coisas bem legais? Quero fazer coisas legais com você então - voltei a beijá-la colocando minhas mão por baixo de sua roupa, encostando na sua barriga. Não sabia o que estava me dando naquele momento, tentei pensar, mas não conseguia. Me deixei levar pelo meu desejo.
Ouvi o barulho na porta. Rapidamente nos desgrudamos.
- Quem taí? - perguntou uma voz um pouco assustada. Era Yumi, reconheci.
- Eu - gritou Déia colocando a mão na frente da boca tentando conter seu riso.
- Déia?
- Não, o Chapolin Colocardo. Não contavam com as minha astúcia - falou rindo muito alto. Até eu ri. Ouvi Yumi rir-se também.
- O que vocês tavam fazendo nesse frio aqui na rua?
Déia me olhou e mordeu sua mão. Entrou em casa ainda rindo muito.

Um comentário:

Unknown disse...

aiii senhor

é tipo assim... uma ORGIA?!!!
aiauaiuaiuaiauiauaiuai

puta merda.

bah coitadinha da Yumi, no final ela vai pegar baba de TODO mundo.