quarta-feira, 1 de julho de 2009

Hora inapropriada

- Nunca - Déia falava alto enquanto abria a porta - mas você acha que ela iria?
Eu já estava praticamente deitada por cima de Renata. A sua mão estava dentro da minha calça. Quando ouvimos a voz de Déia vindo da rua pulamos de susto. Mal dera tempo de sentar no sofá quando Andréia abriu a porta.
- Eu acho que sim, ela até comentou comigo - vinha a voz de Yumi um pouco mais de longe.
Déia olhou imediatamente para dentro da sala, e nos viu ainda em movimento suspeito. Apenas voltou seu olhar para nós, segurando a porta atrás de si. Yumi empurrou-a para entrar na sala.
Renata e eu ficamos com um sorriso de paisagem enquanto elas entravam em casa.
Déia ficara um pouco constrangida, percebia pelos seus olhos que não retornaram a mirar em nossa direção.
- Mas não comenta isso com ela, ela me pediu para que fosse segredo, vai saber porque - Yumi continuou falando indo em direção à cozinha sem perceber o que acabara de acontecer.
Déia largou suas sacolas em cima da mesa e foi para a sala se juntar a nós. Antes de sentar no sofá ao lado de que estávamos, falou muito baixo entre nós duas:
- Desculpa, não sabia que era para demorar mais - sorriu transformando seu antes constrangimento em malícia.
Renata olhou com cara de raiva para ela. Saiu da sala sem falar com ninguém.
Déia sentou-se ao meu lado.
- A coisa devia estar boa mesmo hein? - falou passando seu braço direito sobre o meu ombro. Não tinha me dado conta que meu ziper estava aberto, coloquei uma almofada instintivamente sobre ele. Déia não havia percebido. Não estava a fim de fechá-lo ali na sua frente, então aguardaria ela sair de perto, ou olhar para o lado. Porém ela ligou a televisão, parecia estar disposta a descansar depois de algumas horas de compras.
- Manu, bem que você podia guardar essas compras né?! Temos que dividir as tarefas! - gritou Yumi da cozinha vindo em direção a sala.
Como me levantar com as calças abertas?
Tentei inutilmente fechá-lo por baixo da almofada enquanto Yumi dava a volta na mesa para sentar-se no sofá que antes Déia estava.
- Já vou - respondi com um pouco de pânico. Talvez se estivesse passando alguma coisa interessante na televisão, elas não veriam eu fechando minha calça. Talvez. Não que tivesse algum problema nisso, mas não queria que Yumi soubesse que estava fazendo qualquer coisa com Renata, sei lá porque preferia que ela pensasse que eu não ficava com ninguém porque gostava dela. Não que eu gostasse.
- Deixa eu deitar no seu colo - falou Déia já pousando sua cabeça sobre a almofada. Isso dificultaria mais ainda o processo de fechar a calça.
Yumi não saia da sala, por alguns momentos achei que ela sabia que eu estava tentando esconder alguma coisa, que ela estava só na espreita para ver eu participando de uma cena ridícula de levantar e a calça completamente aberta.
Já havia passado quase trinta minutos - eu havia contado mentalmente, quase me torturando com a situação - quando Yumi voltara a falar.
- Manu tem coisa que estraga, se você não colocar na geladeira vai apodrecer.
- Nesse frio nada vai estragar, to com preguiça já vou.
- Você é preguiçosa pra porra né?!
Sorri não ousando em colocar meus olhos sobre os dela. Pensei que talvez se eu olhasse diretamente para seus olhos ela perceberia tudo. Talvez lesse meus pensamentos, preferi não arriscar.
Uma hora depois quase havia me esquecido que minhas calças permaneciam intocadas quando Yumi resmungou que estava cansada e que iria dormir um pouco.
Suspirei com alívio.
Déia levantou do meu colo depois que Yumi já havia desaparecido pelas escadas.
- Menina, falei com a Mi, ela disse que a Micheli ta na minha - levantou os braços alegre - ela é gata de mais né?
- Sim, que legal - falei ainda preocupada com a minha situação.
Ela me olhou nos olhos e sorriu maliciosamente.
- Aqui na sala? Sem pudor nenhum né?!
- Do que você ta falando? - não contive meu sorriso.
- Eu não sou tão besta quanto você pensa Manuela - e sorriu largamente.
Levantou-se do sofá.
Aproximou sua boca do meu ouvido.
- E seu zíper está aberto - saiu dando um tapinha nas minhas costas e uma gostosa risada.

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