quarta-feira, 8 de julho de 2009

Você é luz, é raio estrela e luar

Depois de algumas horas bebendo caipirinha, todos já estavam falando mais alto, batendo nas coisas, rindo de qualquer besteira. Ainda estávamos nas mesmas posições na sala, a única diferença era que Yumi sentara-se ao meu lado em um determinado momento e não saíra mais dali, mesmo com os pedidos silenciosos de Jéssica, que estava posta ao lado de Déia e Micheli.
- A gente precisava de um violão! - falou Paulinho um pouco enrolado.
- Nossa, esqueci de trazer o meu! Na verdade - olhei para Yumi - essas meninas aí trazem tanta coisa que nem tinha espaço pra um violãozinho humilde viajar.
- Lá em casa tem um violão velho - Jéssica levantara-se - vamos buscar então?!
- Eu não saio daqui nem me pagando - falei irritada por tamanha eficiência.
- É perto daqui.
- Então busca você - sorri, tomando mais um gole daquela caipirinha muito forte. Senti o gosto ardente da cachaça arranhando minha garganta.
- Sozinha?
Ignorei-a.
- Vai lá pô - falou Déia - a gente precisa animar essa nossa festinha!! Eu canto, a Manu toca, vocês tiram a roupa pra gente, ta valendo! - riu-se de si mesma.
- Eu concordo! - emendei.
- Eu também - gritou Luiz, pondo-se em pé - vou com você buscar o tal violão, vamovamovamovamo! - enrolou-se.
Muito contra vontade, lá foram os dois no meio da chuva buscar o violão. Já estava esperando um violão empenado, ou sujo, ou sem cordas, mas me surpreendi quando enfim, depois de praticamente duas horas, Luiz e Jéssica entraram pela sala, completamente molhados, mas segurando uma mala preta com orgulho.
Jéssica sentara no outro lado da sala, talvez querendo provocar Yumi, mas ela não se deixara levar. Ou fingia muito bem, ou realmente não importava para ela, pois continuou ao meu lado, sem hesitar. Em poucos minutos todos cantavam as musiquinhas de excursão que eu e Déia puxávamos. Yumi uma hora deixara a sala. Fiquei levemente triste com aquela atitude, vi que Jéssica a seguira quando foi em direção aos quartos, subindo as escadas. Porém voltaram em menos tempo do que previa. Yumi com um edredom (o mesmo que me cobrira dias atrás) na mão. Sentou-se novamente ao meu lado, nos cobrindo. Me senti feliz, e que eu estava ganhando a guerra que se instalara entre Jéssica e eu. Então Yumi preferia ficar ao meu lado ao invés de curtir a sua "ficante".
Estava ficando quente embaixo do edredom, mas eu não iria me desfazer daquele lugar. Tocamos a música preferida de Yumi. Era uma música do Frejat - Túnel do Tempo. Quando comecei a introdução, senti que seu olhar voltara-se todo para mim. Olhei pra ela, cantando baixinho junto com Déia, e todos que conseguiam abrir a boca para cantar, além de beber. Lembrei do dia em que eu cantara pra ela sozinha, no seu showzinho particular. Me senti brega. Por baixo da coberta, senti sua mão encostando na minha coxa, e lá permaneceu até o final da canção. Fiquei excitada. Queria cantar e tocar outras músicas que ela gostava, pra ver até onde ia essa sua mão. Novamente me senti uma cafajeste com ela, mas uma cafajeste menos canalha do que antes, porque então eu já sabia que ela também gostava de meninas. Ela é que não sabia de mim.
Já não sabia mais nenhuma música para tocar, afinal todas de excursão haviam acabado. Também não conseguia ter nenhuma coordenação para tocar músicas mais complexas do que de 4 acordes. Até Wando foi tocado.
Coloquei o violão deitado ao meu lado, me esticando para não deixá-lo cair. A mão de Yumi com o meu movimento, acabara descendo para perto do meu ventre. Me arrepiei. Senti vontade de dar um beijo nela. Quando voltei a ficar sentada, sua mão continuou ali estática. Estava com um pouco de álcool na cabeça, mas Yumi era mais fraca que eu, certamente deixara sua mão ali por causa disso. Voltei meu olhar para ela. Ela ainda me olhava. Senti que rolar um beijo entre nós, seria questão de poucos segundos. Eu tomei atitude, fui em sua direção, meio tonta pela bebida, meio tonta pela louca vontade de beijá-la, meio tonta por sentir sua mão ali tão próxima de mim.

Um comentário:

Ana disse...

e ai...??